Concordo com Cecília. Apesar de crer que ninguém entenda perfeitamente.
Esta é a terceira reflexão que escrevo relacionando livre-arbítrio, amor e sacrifício. Não sei explicar bem por que esse tema tem sido recorrente, mas me parece fazer cada vez mais sentido. Mas vou tentar aqui, raciocinar um pouco mais sobre isso, até o ponto de pensar no conceito de liberdade para Deus. Antes, gostaria de pedir que você não tomasse uma posição defensiva, se o título desse post parecer-lhe de alguma maneira anti-bíblico. É justamente o contrário, como espero que você entenda.
Pense comigo: dotados de livre-arbítrio, os seres livres devem submeter voluntariamente sua liberdade ante a liberdade de outros seus igualmente livres, para que todos possam coexistir e ainda assim serem independentes, livres. Quando um maluco comete o absurdo de um estupro, fica evidente o porquê de limitarmos nossa liberdade até um certo ponto. Usando sua liberdade, ele roubou esse mesmo direito de sua vítima. Então, perceba que é preciso, de certa forma, limitar a liberdade individual para que haja a liberdade individual para todos os entes que compõem o conjunto. Em outras palavras, a única forma de manter a liberdade de todo o grupo, é limitar a liberdade individual de todos do grupo. Como dizem: "Sua liberdade termina quando a do outro começa".
Os princípios que regem essa harmoniosa coexistência, os limites da liberdade individual e o respeito a liberdade de todos os demais, foram expressamente delineadas por Deus através de Dez Princípios, conhecidos como mandamentos, que formam A Uma Lei (Êxodo 20), espelho de Seu caráter. Este é o objetivo da Lei, garantir a liberdade de todos por limitar a liberdade de cada um. Todos devem se sacrificar pela coexistência em grupo. Tiago chegou a chamar essa Lei de "lei da liberdade" (Tg. 2:12). Assim, ou há limites para a liberdade individual a fim de que todos permaneçam livres, ou apenas um deve possuir ilimitada liberdade pela extinção da de todos os outros.
Agora, chego a um ponto crucial (que palavra hein! Crucial!): Deus não quer ser só! Mas para coexistir com outros seres livres, mesmo que criados por Ele, Ele precisou limitar-se, sacrificar voluntariamente sua própria ilimitada liberdade. É por isso que amor e sacrifício estão sempre tão estreitamente ligados! Não é possível unir-se a alguém ferindo sua liberdade. Ambos devem limitar-se pela liberdade do outro.
Como é assombroso e complexo esse poder do qual Deus dotou aqueles a quem Ele chama de filhos! Veja que grandioso! De alguma forma, dando liberdade a outros, Deus limitou voluntariamente a Si próprio para garantir a liberdade deles. Ele mesmo precisou se submeter voluntariamente a Sua Lei para coexistir com Suas Criaturas. Como é espantoso o amor de Deus, em que a nossa liberdade, é o limite para a Deus!
Ele não só poderia, como tem todo o poder de obrigar todas as suas criaturas ao arrependimento e salvação, mas não o faz para respeitar o único e verdadeiro poder que com sacrifício próprio lhes dotou: Livre-arbítrio. Cristo sacrificou-se para garantir a sua liberdade, com a extensão de que podemos usar essa liberdade comprada por Ele, até mesmo para negá-Lo. Esse é o cúmulo da abnegação: Morrer por alguém que irá negá-Lo para garantir-lhe esse mesmo direito. Assombroso!
Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor [em outras palavras: sacrifique sua liberdade pelos outros].
Toda a lei se resume num só mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo".
Gálatas 5:13-14
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus,
que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se;
mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.
E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!
Filipenses 2:5-8