Muitas vezes, quando um homem se vê a lutar com Deus por perdão - como se precisasse convencer-Lhe a perdoá-lo - na verdade, está lutando contra si mesmo por não crer que seu arrependimento seja suficientemente genuíno a ponto de conferir-lhe o direito ao perdão. Não é apenas que ele não acredite na disposição de Deus; é do arrependimento próprio que ele, corretamente, desconfia. Este é um sintoma clássico de uma doença degenerativa chamada justiça própria.
Nesse estado, o pecador se põe num lugar de deus para si mesmo, julgando a si próprio - ele é sua norma - e só aceitará o perdão que precisa, quando convencer a si mesmo de ter atingido um arrependimento, aos seus olhos, digno o suficiente para ser merecedor do perdão. Ora, isto também é salvação pelas obras e uma maneira mais sofisticada de idolatria. Nesse sentido, há diferentes tipos de divindades por aí, e algumas são mais cruéis do que outras. Como vivemos tempos em que os instrumentos de tortura não participam mais do livre comércio como na idade média, os deuses que habitam essas pessoas se enveredam pela depressão, outros pelo isolamento social e a autocomiseração, e ainda outros pela angústia extenuante. Mas no fundo, são todas formas de tortura, autopunição, com o objetivo de mostrar quão arrependidas estão para si mesmos. Que desastre! É muito ego habitando uma criatura só. E que carência de Graça! Na verdade, toda solução para a culpa que se desvie da graça de Cristo é uma forma de idolatria, pois tem base na justiça própria, e em toda justiça própria, fazemos um deus a nós mesmos.
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