quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Amblíope



Sabe, eu pedalo por aí e vejo pessoas em câmera lenta. Você não sabia, mas eu sou amblíope do olho esquerdo. E o que isso quer dizer? Isso quer dizer que a minha visão não é igual a sua, mas o cérebro tem formas incríveis de compensar certas coisas - enxergo muito bem com o olho direito. Na verdade, muitas vezes eu vejo mais do que devia com um olho só. Ainda quando faço aquela cara estranha de bocó, eu estou observando. =)



De certa forma há muita beleza espalhada nessa bolinha azul suspensa no espaço. Por outro lado, há pura tristeza de ver pessoas jogadas nos cantinhos como pratinhos descartáveis. Nos cantinhos dos bares, dos quiosques, da esquina da minha casa ou da sua. Onde há lixo, há pessoas. Pessoas! Cada uma delas, uma pintura belíssima das quais O Criador foi o Modelo. Obras de arte escondidas pela espessa camada da falta de oportunidade. Cada uma delas, lá dentro, possui um universo completo com galáxias, nebulosas, aglomerados e mil sóis! Só não possuem isso: oportunidade. "E o que é pior: elas são muitas" (Ilha das Flores).

Eu só posso imaginar a dor que elas sentem, por que sou constituído da mesma natureza que elas. E você sabe por experiência própria, que isso dói muito. Dói muito também a minha indiferença com a dor delas. Como dor é algo que ninguém gosta de sentir, é com facilidade que procuramos nos alienar dos problemas alheios.

"Meu umbigo, meu umbigo... amigos, amigos, problemas à parte."

Vou ser sincero com você (seja lá você quem for): Troco tudo aqui por uma passagem de volta pra Casa. Tenho muita saudade.

Não digo com isso, porque quero cruzar meus braços e continuar observando "abliopiamente" pessoas só porque não estou em Casa. Na verdade se você pesquisar um pouco, vai notar um belo paradoxo: que as pessoas com maiores saudades de Casa foram as que mais trabalharam nesse território estrangeiro.

Se meus cálculos estiverem corretos e se você também gostar de Lá:
"Seu lugar no Céu parecerá ter sido feito para você e só para você, porque você foi feito para ele - feito pra ele ponto por ponto, como uma luva é feita sob medida para a mão". [C. S. Lewis]

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Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. 
[2 Pedro 3:13]

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Maximize o efeito porrada



Se você der uma rápida olhadela para trás, fizer uma retrospectiva simples, vai notar que aprendeu mais da vida apanhando com a prática, do que teorizando com as fórmulas de seus pais. É óbvio que as fórmulas são importantes - sem elas você teria apanhado bem mais. =)

O que é interessante em apanhar da vida, é que sempre é nunca-em-vão. É sempre nunca, porque você apanha mas aprende, e se não aprende tudo, aprende ao menos o quanto dói apanhar, e isso já é alguma coisa valiosa o suficiente para no mínimo não querer apanhar de novo, ou apanhar menos da próxima vez.

Mas há um aspecto interessante sobre as surras da vida. Os seres humanos são proverbiais quando falam de apanhar. Há pelo menos quatro culpados para cada pisa humana: 1 - Os outros; 2 - Deus; 3 - o diabo; e não menos culpadas, 4 - as circunstâncias; Eles geralmente escolhem qualquer uma das quatro opções, contanto que os culpados não sejam eles próprios, é claro.

Você concordará comigo, que é ideal minimizar as surras - quanto menos apanhar melhor. Observe a cara de um lutador de boxe: Orelhas tortas, nariz quebrado, supercílio mal cicatrizado e etc. Ganhar cicatrizes numa luta com vitória, são como um troféu que mostra fisicamente o quanto a vitória custou, e isso aumenta o seu valor. Quanto mais cicatrizes por uma vitória, mais importante ela se torna para o vencedor. O triste é ganhar as cicatrizes numa luta em que você perdeu, mas eles dizem que isso faz parte da coisa toda - chamam de "ócios do ofício". Eu prefiro outro ofício.

O caso é que se você evitou um erro, não terá consequências dele, mas se pisou na bola, escorregou na pista, fez o que não devia, aí vem ela: A porrada. A porrada é uma consequência natural de um erro. As vezes os erros vem sem consequências, mas isso é coisa rara. Eu falo aqui sobre a regra, não sobre a exceção.

Pior do que apanhar da vida, é resmungar enquanto apanha. Diferente dos analgésicos, a lamúria é um método ineficaz para a dor, mas que os humanos insistem em usar sem nunca ter tido qualquer benefício dela nas tentativas anteriores. Eu sei, isso é estranho, mas a natureza humana é assim, estranha.

Então chego agora ao ponto chave disso tudo que escrevo, e você vai finalmente entender o título dessa postagem. Tenho uma teoria sobre apanhar da vida. É melhor não apanhar, mas se você já está apanhando, não perca tempo tentando inutilmente suavizar a dor das pancadas, você sabe que isso não funciona. As pessoas deprimidas e depressivas provam isso com louvor (péssimo trocadilho, mas dá pra entender). Não importam tanto os culpados ou como você chegou no ringue - a não ser para evitar entrar nele novamente, e isso é muito importante - mas o fato é que se você não esquivar vai levar um direto na cara.

Aproveite o efeito porrada, que chamamos de aprendizado. Maximize o efeito porrada pra aprender com ele o máximo que puder enquanto apanha. Observe seus movimentos, e isso pode te ajudar a não apanhar da próxima vez.

Agora, esquecendo tudo o que disse anteriormente, não se esqueça que é inteligente aprender com seus próprios erros, burrice não aprender nunca e sabedoria aprender com os erros dos outros.

Aprenda com os erros dos outros que você apanhará menos. É sempre melhor evitar a surra, mas se você já está apanhando, aproveite! Maximize o efeito porrada.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Princípios X Circunstâncias

Quem vive por princípios, não muda suas atitudes pelas circunstâncias. 

As circunstâncias mudam o tempo todo, mas sólidos princípios demonstram a firmeza de um caráter permanente. Se o caráter é moldado de acordo com as circunstâncias e não por princípios, temos aí um ótimo exemplo de alguém em nada digno de nossa confiança.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Talvez as pessoas reputem por tolice, até me acostumei de certa forma, e hoje me importo menos.

O que para outros pode ser banal, é o objetivo da minha vida. Depois de tê-Lo contemplado uma vez, todo resto tornou-se secundário. E tem sido substancialmente recompensador. Que caráter simétrico, belo, perfeito! Achei nEle tudo aquilo que era oco em mim. Todos os meus defeitos de caráter, achei-os harmoniosamente superados nEle. Sobrepujou com larga vantagem todas as minhas expectativas.

Todos os dias Senhor, obscuramente mas com antegozo. Até o dia onde ela morre, a saudade. E então, poderemos ir pra Casa.


Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; mas então conhecerei como também sou conhecido. 

[1 Coríntios 13:12]
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