sábado, 30 de novembro de 2013

Salve sua Alma!

Eu não fui para religião para me fazer feliz. Eu sempre soube que uma garrafa de vinho do porto faria isso. Se você quer uma religião para fazer você se sentir realmente confortável, certamente eu não recomendo o Cristianismo. [C. S. Lewis]

Você pode perceber que o evangelho em si não é diretamente um chamado para te fazer feliz, e sim para te salvar, na maneira como Jesus e seus discípulos chamavam as pessoas a tomar parte nele. Eles não diziam: "venham para ser felizes", antes Jesus pregava: "O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam no evangelho! " [Marcos 1:15]. Em outras palavras: "Mudem! Salvem suas almas!".



É evidente que a salvação traz como consequência direta a verdadeira felicidade, que os cristãos por milhares de anos tem experienciado e anunciado ao mundo. Mas perceba que felicidade, não é contudo, o cerne do evangelho, é antes sua consequência natural. Podem soar tão semelhantes que você não perceba a diferença, que como pretendo abordar adiante, é crucial e tem consequências graves.

Atente, se o objetivo primordial do evangelho por aceitá-lo, é antes de tudo te fazer feliz, logo, a sua antítese em não aceitá-lo seria no máximo viver uma vida de infelicidade. Assim, os discípulos pregariam: "Creia em Deus, senão você terá uma existência infeliz", ou Jonas deveria ter pregado "dentro de quarenta dias e Nínive será encoberta de infelicidade". Não! Antes o teor do evangelho por eles pregado era coadunante: "Arrependa-se! Salve sua alma!".

Se Paulo pregasse felicidade antes da salvação, o carcereiro teria dito: "Senhores o que devo fazer para ser feliz?", mas com coração contrito indagou: "Senhores, que devo fazer para ser salvo? " (Atos 16:30). O coitado do jovem rico, que de tão pobre só tinha dinheiro, teria questionado a Jesus: "Mestre, que bem farei para ser feliz?", mas não sendo este o caso, perguntou ao Salvador: "Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna? " (Mateus 19:16). Nestes, e em diversos outros casos, após ouvirem a mensagem, os corações dos ouvintes eram levados a pensarem em como poderiam ser salvos primeiro. Quanto a ser feliz, bom, parece-me que isto nem passava pela cabeça deles na primeira instância.

A partir de agora, gostaria de tratar das consequências de se enxergar o evangelho como sendo um apelo direto à felicidade, como sendo esse seu principal objetivo ao convidar os homens a aceitá-lo. Infelizmente, é estrita a visão de felicidade que as pessoas buscam na religião. Elas não buscam salvarem suas almas, mas esperam que a salvação seja uma consequência de o evangelho as fazer feliz. Em outras palavras, "Deus é meu garçom. Me apresente na sua religião, qual o menu de felicidade que Deus pode me ofertar, e eu avaliarei se é atrativo o suficiente para que eu abandone meus prazeres atuais e O siga". Ou seja, elas esperam que a felicidade ofertada por Deus, supere os prazeres pessoais que desfrutam agora, como uma espécie de grande compensação.

Aí está o perigo de tratar o evangelho como tendo o primordial objetivo de dar felicidade as pessoas, e não de salvá-las primeiro. Nessa visão, raríssimas pessoas, exceto as masoquistas, desejariam a salvação, se pelo resto de sua existência na terra elas fossem infelizes, mesmo sabendo que herdariam a felicidade imperecível, no paraíso (2 Coríntios 4:17), mas não agora. Para elas, a salvação, pela falta de felicidade imediata, não seria uma troca justa, visto que nos traz um período de infelicidade. Logo, prefeririam ficar com seus prazeres temporais (Hebreus 11:24,25).

Sobre os heróis da fé que alcançaram a salvação, a Bíblia diz:

Todos estes ainda viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-nas de longe e de longe as saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria.
Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar.
Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade.

Hebreus 11:13-16

O evangelho puro, o que foi pregado pelo Carpinteiro de Nazaré, sempre chocou as pessoas. Isso porque sua mensagem nos vem na direção oposta a nossa concepção natural de felicidade. Ele anunciava primeiro: "Salve sua alma, ó pecador!", "Ponha sua vida em conformidade com a vontade de Deus", "Se adeque ao evangelho", e não o contrário. E é por Deus ser pregado como o garçom do universo, que hoje as pessoas tentam convencer seus semelhantes a aceitarem o evangelho, e virem para sua religião, mostrando os atrativos de felicidade que tal religião oferece, mas deixam passar a essência: "Salve-se, e o que vier depois é lucro!" (Filipenses 1:21). O que quero dizer, é que nesse caso, a felicidade é lucro. Sempre foi o que Deus quis, mas é a consequência natural de sermos salvos, e não precede a salvação.

Por vivemos numa época onde a igreja (leia-se: nós) procura promover e pregar atrativos que talvez convençam as pessoas que vale a pena mudar de vida, é que as pessoas estão na igreja com o objetivo primeiro de serem felizes, sem saber o que felicidade significa, e esperam que a conversão venha como consequência de a religião as fazer feliz, não o contrário. Assim, "métodos carnais atraem pessoas carnais, e temos então uma igreja carnal".

Lembre-se: objetivo do evangelho é salvar tua alma, e sua consequência imediata é uma verdadeira felicidade.

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