quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mais forte que as Circunstâncias

Há muitas variáveis que unem as pessoas durante a vida. Um novo emprego, a aprovação no vestibular, o prédio novo, a igreja nova, até um encontro ocasional. As pessoas se conhecem, por motivos quaisquer, criam conexões entre si e se entrelaçam. Descobrem coisas em comum, espaços e preenchimentos umas nas outras. Elas se trocam entre si, e essas coisas as unem. Essas coisas que as unem são as circunstâncias.

Sabemos que as pessoas vêm e vão o tempo todo na vida. Algumas ficam conosco por um tempo, mas depois, como a maioria, elas partem. Às vezes nem se despedem. (Também é verdade que quando a gente não diz adeus, é porque nunca quis ir embora). Isso porque as circunstâncias são laços finos, muito frágeis, insuficientes para manter as pessoas unidas por um certo tempo, um tempo longo como a vida (que nem é tão longa assim). As circunstâncias podem ser super-poderosas no calor do momento: Podem roubar o são juízo de um homem sensato, levar um homem valoroso ao suicídio, ao adultério, à prisão. São contudo, pateticamente débeis quando confrontadas com o passar do tempo. O tempo é essa máquina de moer circunstâncias. Com o tempo, elas se dissolvem numa sopa de mudanças. Então novas circunstâncias são criadas e se achegam imperceptivelmente, sorrateiramente, na ponta dos pés, e sem que você se dê conta, mudam tudo na vida.

Não tenho mais os mesmos amigos dos 15 anos. Nem sou mais o mesmo de 15 anos. As circunstâncias mudaram, e levaram embora aqueles com os quais eu antes me ligara. Mas também percebo que nem todos me foram roubados. Alguns resistiram às mudanças que as circunstâncias me trouxeram.

Nesse ponto você pode perceber que existe um outro tipo de laço, sobejamente mais forte que as circunstâncias. Algo capaz de unir as pessoas de forma incircunstancial, imperecível, incondicional.

Pense nos seus pais. As circunstâncias mudam até hoje entre vocês. Às vezes inundam a casa toda numa tempestade torrencial. Muitas vezes quase nos afogam, mas nós resistimos. Lutamos bravamente, e estamos aqui, unidos! Mas unidos pelo quê, senão for pelas circunstâncias? O que pode ligar as pessoas de tal forma, que elas lutem assim para permanecerem juntas?

Isso que liga as pessoas assim, voraz como a fome, forte como a saudade, é  amor. Amor é só uma palavra, mas quando você lê 'amor', essas quatro letrinhas podem fazer sua rede cognitiva acionar algum tipo de novela mexicana, tocado alguma música depressiva de fundo, e você fica com a sensação de ter se lambuzado com melaço de cana. Pare de tocar essa música. Não estou falando de melodrama. Falo de algo inteligível. Diferente das circunstâncias, o amor não é ocasional e também não é burro. Você pode não ter escolhido encontrar uma pessoa, mas para amá-la você precisou tomar decisões. O amor é de livre-arbítrio. É feito de propósito. É inteligente. É costurado. A coisa burra que as pessoas chamam de amor e as faz sofrer é criado pelas circunstâncias, que como já falei, são seres malévolos.

O amor é a única coisa suficientemente forte capaz de unir as pessoas de uma forma incircunstancial. Você lutará para manter-se unido a alguém que ama, e fará isso de propósito e com sobriedade, levando em conta todo auto-sacrifício envolvido. Usará tudo o que tem nessa empreitada, mesmo sem entender que força é essa que te move assim. De alguma forma, o amor não é compreensível. Mas é forte. Muito forte.


O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. 
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. 
1 Coríntios 13:4-8
Mas ele permanece.
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