quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Comentários #rpsp - Mateus 18

Mateus 18 inicia coma a continuação da perícope sobre escândalos do capítulo 17, onde Jesus especifica sobre as terríveis condenações de quem escandaliza, especialmente, as crianças.

No entanto, desse capítulo, o que mais me prende a atenção está na parábola do credor incompassivo (v. 23-35). Cristo deseja reforçar o que fora respondido a Pedro quando perguntou-lhe até quantas vezes devemos perdoar a quem falhe conosco de alguma maneira. Mais do que uma simples ilustração, é o parâmetro que Jesus utiliza para o perdão nessa parábola que nos choca.

Ele representa a Deus como um rei a quem um dado servo lhe devia dez mil talentos. Uma conversão bíblica direta desse valor é usualmente feita em quilos de prata, o que nos daria o equivalente a 215 toneladas. Em contrapartida, esse mesmo servo tinha alguém que lhe devia cem denários, equivalente em prata a 400 gramas. A comparação que Cristo faz é astronômica.

Para termos uma noção mais precisa dos valores atribuídos por Jesus, podemos converter esses valores em denários, tendo em vista que um denário, era o salário da época para um dia de trabalho. Assim, sabemos que o homem que devia ao servo do rei tinha um débito com ele de cem dias de trabalho. De fato, uma dívida grande, mas com claras possibilidades de ser quitada em pouco mais de três meses.

Já o servo da parábola, devia com dez mil talentos, algo como 126 milhões de denários. Numa conversão direta, seriam 126 milhões de dias de trabalho, ou 345 mil e 206 anos de trabalho. Absurda, não? Mas é isso mesmo! Para pagar sua dívida, ele precisaria de quase 346 mil anos de trabalho em dias ininterruptos, sem férias, finais de semana nem dias de feriado. Esse montante seria o equivalente a 10 mil funcionários trabalhando por 18 anos.¹

Uma das coisas que me vieram a mente quando li essa parábola pela primeira vez foi: Como esse 'cara' contraiu toda essa dívida? A explicação é direta: Essa dívida é minha. Jesus deseja nos dar um páreo vislumbre da dívida astronômica que contraímos com Deus por meio do pecado. Impossível de ser paga.

Cristo nos afirma por meio dessa parábola, que o fato de termos sido perdoados por Deus, nos implica não apenas um privilégio, mas a direta obrigação de perdoarmos aqueles que pecam contra nós. Ele demonstra a covardia de não aceitarmos esse princípio, quando o servo do rei pede para não ser preso, nem ter sua família vendida, afirmando que se for solto, pagaria tudo o que devia.

Jesus diz então que "O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou a dívida e o deixou ir." Obviamente porque sabia que ele jamais poderia pagar 346 mil anos de trabalho, e nem mesmo vendendo todos os seus bens e a família dele, chegaria perto de sanar essa dívida.

A palavra chave dessa parábola é compaixão. Quando o servo devedor encontrou seu conservo que lhe devia 400 gramas de prata, "agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague-me o que me deve! ’". É com essa cena medíocre, de plena ignorância, avareza, e infantilidade que Jesus representa aquelas pessoas incapazes de perdoar. Deus entregou o valor incalculável da vida do seu filho para pagar uma dívida que nós contraímos. É portanto nossa obrigação perdoar as 400 gramas de nossos irmãos. Por maior que possam parecer as falhas das pessoas que te magoaram, comparadas ao que Cristo fez por você, elas não significam nada.

Na oração do Pai Nosso, Jesus nos ensinou a pedir que Deus perdoasse nossas dívidas "da mesma maneira como temos perdoado a nossos devedores", e conclui dizendo "se não perdoarem essas pessoas, o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês". (Veja Mateus 6:12,14,15).

[1] - Comentário Bíblico Adventista, Volume 5.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Comentários #rpsp - Mateus 17

Três partes me chamaram muito a atenção do #rpsp de hoje (Mateus 17).

1 - Mateus 17:17 - Respondeu Jesus: "Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino".

Talvez, isso seja algo que magoe mais o coração de Deus do que o pecado: nossa falta de fé. Cristo disse literalmente que ele precisa "nos suportar" com essa nossa incredulidade. Em outras passagens, Jesus revelou a mesma reação, ele ficou indignado com demonstrações de falta de fé (veja Marcos 4:39,40). Por outro lado, demonstrava uma alegria radiante quando as pessoas demonstravam fé no poder de Deus (veja Mateus 15:28; Mateus 8:10). Parece que se o pecado lhe entristece, a falta de fé lhe perturba. O coração de Deus realmente fica triste quando pecamos, mas algo muito estranho lhe comove quando somos incrédulos. Talvez porque a incredulidade nos impeça até mesmo de receber o Seu perdão. Como diria Spurgeon: "O ateísmo é algo estranho. Nem os demônios chegaram a este ponto." - Mas nós sim.

2 - Mateus 17:19-21 - É triste perceber que há tantas pessoas a nossa volta que precisam e até pedem nossa ajuda, e não podemos fazer nada para socorrê-las. Não por falta de dinheiro ou recursos, mas simplesmente por falta de fé e comunhão com Deus, oração e jejum.

3 - Mateus 17:27 - É interessante notar que Jesus tinha plena consciência de não precisar pagar tributo algum. Ele é dono da prata e do ouro. Que absurdo seria pagar impostos para outras pessoas por uma riqueza que é sua. Imagine um filho pagando uma taxa para viver na casa do seu pai! Foi essa observação que Jesus fez a Pedro, mas acrescentou que "para não escandalizá-los", ele deveria pagar. Ou seja, os cristãos precisam demonstrar uma fé mais madura ao entender que não fazemos o que queremos sempre, nem mesmo quando seria certo e nosso direito fazê-lo. Na ótica de Jesus, causar confusão desnecessária ou trazer vergonha ao nome de Deus, são danos muito maiores do que um prejuízo financeiro pessoal. Esse mesmo princípio de evitar escândalos, foi vivido e ensinado por Paulo (veja Romanos 14:21). O apóstolo chegou a afirmar que "quem peca contra a consciência fraca do seu irmão peca contra Cristo" (1 Coríntios 8:12). Observe essas palavras fortes de Jesus: Qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é necessário que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! (Mateus 18:6-7). Concluímos que o cristão não faz o que quer, e em muitas situações, nem mesmo se for justo fazê-lo. Fazemos tudo "para por todos os meios chegar a salvar alguns." 1 Coríntios 9:22.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Comentários #rpsp - Mateus 6

No capítulo fantástico do #rpsp de hoje (Mateus 6), um verso me comove lá no fundo. É o verso 36. Diz que quando Jesus olhava para as multidões, "tinha compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor".

O interessante, além de comovedor pela compaixão de Jesus, é que esse verso revela uma resposta à oração de Moisés, milhares de anos antes. Veja por si mesmo: Números 27:17!

Detalhe: Josué, a quem Deus mandou ungir como resposta parcial naquele momento, é o que a teologia chama de um "tipo de Cristo". Ou seja, alguém cuja vida representava de alguma forma a vida do Messias. Uma curiosidade que eu sempre repito, é que o nome Josué, é o equivalente hebraico do nome grego Jesus, que quer dizer "A Salvação de Jeová". Então, na verdade, quando Deus falou a Moisés que Josué seria esse pastor, na verdade ele estava falando em hebraico, o mesmo nome que equivale a Jesus, a nossa Salvação.
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