quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Entende José?

José pensou que precisava de mais dinheiro para comprar aquilo que ele tanto queria, mas depois que gastou o resto das economias, se sentiu ainda mais pobre e percebeu que o que ele precisa não se compra.

José pensou que precisava ficar com aquela garota linda que todo cara queria, mas depois que eles ficaram, se sentiu ainda mais sozinho e percebeu que o que ele precisa não se seduz.

José pensou que precisava ter mais tempo livre para desfrutar dos seus prazeres pessoais, mas depois de assistir todos os episódios do seriado favorito, se sentiu ainda mais entediado e percebeu que o que ele precisa não se assiste.

José pensou que precisava entrar na academia para ficar malhado e impressionar as pessoas, mas depois de aumentar os bíceps, se sentiu ainda mais fútil e percebeu que o que ele precisa não se malha.

Coitado do José. José não sabia que não se preenche o infinito com moedas. Não se preenche o infinito com seios e pernas. Não se preenche o infinito com filmes. Não se preenche o infinito com músculos. 

Então, José pensou que talvez precisasse de Deus para preencher esse buraco infinito que o consumia. Arrependido, frustrado e cansado, José dobrou os joelhos. E José orou. E foi ali, sem dinheiro, sem mulher, sem tempo e sem músculos, que José entendeu: Que só Deus tem o tamanho exato do vazio que há no homem: infinito. 



Foi assim que José entendeu a diferença entre querer e precisar, e que nem sempre o que ele quer, é o que ele precisa. Deus queria José, mas não precisava dele. José precisava de Deus, mas não O queria. Agora José sabe que precisava de Deus mesmo quando não O queria. E agora José O quer também.

Entende José?

domingo, 15 de dezembro de 2013

Previna-se, use a aliança de casamento

Hoje, enquanto fazia a doação de plaquetas, escutei os enfermeiros conversando baixo, sobre um paciente que estava para ser chamado a doar também, mas que precisaria repetir os exames.

Os testes iniciais deram positivo para 'HBC'. Ouvindo a sigla, não entendi o que era. Questionei a enfermeira o que era isto, e ela me disse: Hepatite B. O "C", eu não sei de onde vem. Ela depois me contou outro caso, de um rapaz que descobriu estar com AIDS fazendo o teste sorológico. Ele disse a uma amiga que queria "doar sangue", mas ela percebeu que ele só queria o teste.

Na verdade, há um certo número de pessoas, que vão com frequência fazer a doação, não no intuito de ajudar alguém, mas pela apreensão de saber se contraiu alguma doença devido as últimas relações que teve. Que estranho, não é?

As pessoas se conhecem numa noite, bebem até quase perder a consciência, então saem juntas, e como dizem, "transam". Acho que essa palavra deve ter alguma relação com entrar em transe, perder a ciência do que está fazendo, deixar a consciência fora do motel.

Pra mim, foi Deus quem criou o método preventivo mais avançado dos últimos dez mil anos: o casamento. Eu disse casamento, não viver junto. O casamento em si, traz implícito o princípio da fidelidade conjugal.


Se você ainda não sabe, vou te dizer uma coisa chocante. E se você tem vida sexual ativa sem ser casado, pode te deixar preocupado. Acontece que a camisinha não previne completamente o contágio de doenças sexualmente transmissíveis. Segundo a OMS, a camisinha pode prevenir a uma taxa de até 90%, mas eu lhe pergunto: Você vai confiar nos outros 10?

A enfermeira me explicou que o rapaz, agora aidético, chorava compulsivamente quando foi convocado pra ser noticiado da doença. Não consigo imaginar a angústia dele. Disse-me que ele era novo, cerca de 25 anos. Então passamos a conversar sobre as consequências que ele teria que lidar pelo resto da vida. Como ele contraiu? Teve relação sem camisinha. Estava em "transe". Talvez uma noite só, e agora, consequências por toda a vida.

Tenho certeza de uma coisa: Esse rapaz faria qualquer coisa pra voltar àquela noite, não beberia aquela cerveja, não estaria naquele lugar, não teria saído de casa. Não valeu a pena.

Não vale a pena. Então previna-se, use a aliança de casamento.

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Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. [Gênesis 2:24]

sábado, 30 de novembro de 2013

Salve sua Alma!

Eu não fui para religião para me fazer feliz. Eu sempre soube que uma garrafa de vinho do porto faria isso. Se você quer uma religião para fazer você se sentir realmente confortável, certamente eu não recomendo o Cristianismo. [C. S. Lewis]

Você pode perceber que o evangelho em si não é diretamente um chamado para te fazer feliz, e sim para te salvar, na maneira como Jesus e seus discípulos chamavam as pessoas a tomar parte nele. Eles não diziam: "venham para ser felizes", antes Jesus pregava: "O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam no evangelho! " [Marcos 1:15]. Em outras palavras: "Mudem! Salvem suas almas!".



É evidente que a salvação traz como consequência direta a verdadeira felicidade, que os cristãos por milhares de anos tem experienciado e anunciado ao mundo. Mas perceba que felicidade, não é contudo, o cerne do evangelho, é antes sua consequência natural. Podem soar tão semelhantes que você não perceba a diferença, que como pretendo abordar adiante, é crucial e tem consequências graves.

Atente, se o objetivo primordial do evangelho por aceitá-lo, é antes de tudo te fazer feliz, logo, a sua antítese em não aceitá-lo seria no máximo viver uma vida de infelicidade. Assim, os discípulos pregariam: "Creia em Deus, senão você terá uma existência infeliz", ou Jonas deveria ter pregado "dentro de quarenta dias e Nínive será encoberta de infelicidade". Não! Antes o teor do evangelho por eles pregado era coadunante: "Arrependa-se! Salve sua alma!".

Se Paulo pregasse felicidade antes da salvação, o carcereiro teria dito: "Senhores o que devo fazer para ser feliz?", mas com coração contrito indagou: "Senhores, que devo fazer para ser salvo? " (Atos 16:30). O coitado do jovem rico, que de tão pobre só tinha dinheiro, teria questionado a Jesus: "Mestre, que bem farei para ser feliz?", mas não sendo este o caso, perguntou ao Salvador: "Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna? " (Mateus 19:16). Nestes, e em diversos outros casos, após ouvirem a mensagem, os corações dos ouvintes eram levados a pensarem em como poderiam ser salvos primeiro. Quanto a ser feliz, bom, parece-me que isto nem passava pela cabeça deles na primeira instância.

A partir de agora, gostaria de tratar das consequências de se enxergar o evangelho como sendo um apelo direto à felicidade, como sendo esse seu principal objetivo ao convidar os homens a aceitá-lo. Infelizmente, é estrita a visão de felicidade que as pessoas buscam na religião. Elas não buscam salvarem suas almas, mas esperam que a salvação seja uma consequência de o evangelho as fazer feliz. Em outras palavras, "Deus é meu garçom. Me apresente na sua religião, qual o menu de felicidade que Deus pode me ofertar, e eu avaliarei se é atrativo o suficiente para que eu abandone meus prazeres atuais e O siga". Ou seja, elas esperam que a felicidade ofertada por Deus, supere os prazeres pessoais que desfrutam agora, como uma espécie de grande compensação.

Aí está o perigo de tratar o evangelho como tendo o primordial objetivo de dar felicidade as pessoas, e não de salvá-las primeiro. Nessa visão, raríssimas pessoas, exceto as masoquistas, desejariam a salvação, se pelo resto de sua existência na terra elas fossem infelizes, mesmo sabendo que herdariam a felicidade imperecível, no paraíso (2 Coríntios 4:17), mas não agora. Para elas, a salvação, pela falta de felicidade imediata, não seria uma troca justa, visto que nos traz um período de infelicidade. Logo, prefeririam ficar com seus prazeres temporais (Hebreus 11:24,25).

Sobre os heróis da fé que alcançaram a salvação, a Bíblia diz:

Todos estes ainda viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-nas de longe e de longe as saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria.
Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar.
Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade.

Hebreus 11:13-16

O evangelho puro, o que foi pregado pelo Carpinteiro de Nazaré, sempre chocou as pessoas. Isso porque sua mensagem nos vem na direção oposta a nossa concepção natural de felicidade. Ele anunciava primeiro: "Salve sua alma, ó pecador!", "Ponha sua vida em conformidade com a vontade de Deus", "Se adeque ao evangelho", e não o contrário. E é por Deus ser pregado como o garçom do universo, que hoje as pessoas tentam convencer seus semelhantes a aceitarem o evangelho, e virem para sua religião, mostrando os atrativos de felicidade que tal religião oferece, mas deixam passar a essência: "Salve-se, e o que vier depois é lucro!" (Filipenses 1:21). O que quero dizer, é que nesse caso, a felicidade é lucro. Sempre foi o que Deus quis, mas é a consequência natural de sermos salvos, e não precede a salvação.

Por vivemos numa época onde a igreja (leia-se: nós) procura promover e pregar atrativos que talvez convençam as pessoas que vale a pena mudar de vida, é que as pessoas estão na igreja com o objetivo primeiro de serem felizes, sem saber o que felicidade significa, e esperam que a conversão venha como consequência de a religião as fazer feliz, não o contrário. Assim, "métodos carnais atraem pessoas carnais, e temos então uma igreja carnal".

Lembre-se: objetivo do evangelho é salvar tua alma, e sua consequência imediata é uma verdadeira felicidade.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Uma graminha verde, uma tarde qualquer

Ao cair da tarde, os discípulos aproximaram-se dEle e disseram: "Este é um lugar deserto, e já está ficando tarde. Manda embora a multidão para que possam ir aos povoados comprar comida". [Mateus 14:15]

É interessante notar como Jesus, apesar de ser Deus entre os homens, era tão acessível às pessoas, que seus próprios discípulos sentiam-se à vontade até mesmo para aconselhá-lo quando assim achavam necessário. Isso demonstra que Cristo não se considerava o dono da verdade (apesar de sê-lo), mas tinha uma mente aberta à refletir nas críticas e opiniões das outras pessoas, e elas percebiam isso dEle.

Em contrapartida ao Criador do mundo, estamos acostumados a ver pessoas comuns, que por possuírem um título acadêmico, uma conta no banco ou um esteriótipo social, se impõem como superiores as demais, se recusam a ouvir os outros e assim, mesmo sem perceber, tornam-se uma presença da mais desagradável possível. Ninguém gosta da companhia ríspida dos arrogantes, as pessoas sentem-se à vontade com os que lhe são semelhantes, que também possuem ouvidos.

Você não deve estranhar se no Céu, O Rei daquele Lugar quiser assentar com você numa graminha verde, e passar uma tarde qualquer batendo um papo, como de um para um, como uma conversa entre iguais, mesmo que absolutamente, vocês não sejam. Mas Ele é assim, todo acessível. 


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O ataque é uma reação de defesa

O ataque é uma reação de defesa. Este é um padrão de comportamento comum na natureza.

Os animais normalmente tomam duas reações quando se sentem ameaçados ou com medo: ou eles fogem, ou atacam. É assim que de certa forma enxergo as pessoas rudes, as depressivas e aquelas que aparentemente sentem prazer em humilhar os outros.

As pessoas depressivas fogem, se isolam na tentativa de se esconder daquilo que as amedronta. As pessoas rudes são como as depressivas, apenas tomaram o outro lado. Mas também são almas tão assustadas quanto as almas que elas mesmas oprimem.


Algumas pessoas aparentam sentir prazer em humilhar as outras, não porque se sintam superiores, mas justamente por se sentirem elas mesmas humilhadas. Elas agem assim numa tentativa inconsciente de não se sentirem sós. Muitas são apenas pessoas feridas, maltratadas pela vida e que carregam por dentro seus próprios traumas.

Por isso não concordo com certas correntes de pensamento que afirmam ser uma coisa boa se afastar de tudo que nos "atrasa", incluindo as pessoas complicadas. Se Jesus tivesse pensado assim, teria passado a vida deitado na manjedoura e nunca subido ao Calvário. Afaste-se do pecado, não dos pecadores. Como foi dito: Se as pessoas boas merecem seu amor, as más precisam dele.

Quando uma pessoa reage de forma rude ou tenta me humilhar, eu sinto amor por ela. Entendo que essa é a forma especial delas dizerem: tenho medo, me sinto só, fui abandonada.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O mundo não gira mais rápido só porque você está com pressa

O mundo não gira mais rápido só porque você está com pressa. 

Na verdade, como você está mais acelerado que o resto do mundo, tem a impressão de que tudo fica mais lento.

Isso é um conceito físico. Três minutos ao lado da mulher que ama são rápidos demais, já três minutos com a mão numa chapa quente duram uma eternidade. Para ambos os casos, três minutos duram a mesma quantidade de tempo, mas quem teve queimaduras de terceiro grau talvez discorde.

É a impressão que têm as pessoas atrasadas, as apressadas e as hiperativas, que justamente por estarem com pressa, sentem como se o mundo conspirasse contra elas. É o trânsito que não flui, é a atendente que é lerda, é o cara que tem o raciocínio lento - todos são culpados, menos, é claro, o negligente, o irresponsável, o procrastinador que por ter deixado tudo para última hora, crê, inocentemente, que todos devem acompanhar o seu ritmo desequilibrado. 

Desligue a TV e acorde cedo, porque o mundo não gira mais rápido só porque você está com pressa.

--
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.

Eclesiastes 3:1-8

sábado, 3 de agosto de 2013

O Limite de Deus

"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda". [Cecília Meireles]

Concordo com Cecília. Apesar de crer que ninguém entenda perfeitamente.

Esta é a terceira reflexão que escrevo relacionando livre-arbítrio, amor e sacrifício. Não sei explicar bem por que esse tema tem sido recorrente, mas me parece fazer cada vez mais sentido. Mas vou tentar aqui, raciocinar um pouco mais sobre isso, até o ponto de pensar no conceito de liberdade para Deus. Antes, gostaria de pedir que você não tomasse uma posição defensiva, se o título desse post parecer-lhe de alguma maneira anti-bíblico. É justamente o contrário, como espero que você entenda.

Pense comigo: dotados de livre-arbítrio, os seres livres devem submeter voluntariamente sua liberdade ante a liberdade de outros seus igualmente livres, para que todos possam coexistir e ainda assim serem independentes, livres. Quando um maluco comete o absurdo de um estupro, fica evidente o porquê de limitarmos nossa liberdade até um certo ponto. Usando sua liberdade, ele roubou esse mesmo direito de sua vítima. Então, perceba que é preciso, de certa forma, limitar a liberdade individual para que haja a liberdade individual para todos os entes que compõem o conjunto. Em outras palavras, a única forma de manter a liberdade de todo o grupo, é limitar a liberdade individual de todos do grupo. Como dizem: "Sua liberdade termina quando a do outro começa".


Os princípios que regem essa harmoniosa coexistência, os limites da liberdade individual e o respeito a liberdade de todos os demais, foram expressamente delineadas por Deus através de Dez Princípios, conhecidos como mandamentos, que formam A Uma Lei (Êxodo 20), espelho de Seu caráter. Este é o objetivo da Lei, garantir a liberdade de todos por limitar a liberdade de cada um. Todos devem se sacrificar pela coexistência em grupo. Tiago chegou a chamar essa Lei de "lei da liberdade" (Tg. 2:12). Assim, ou há limites para a liberdade individual a fim de que todos permaneçam livres, ou apenas um deve possuir ilimitada liberdade pela extinção da de todos os outros.

Agora, chego a um ponto crucial (que palavra hein! Crucial!): Deus não quer ser só! Mas para coexistir com outros seres livres, mesmo que criados por Ele, Ele precisou limitar-se, sacrificar voluntariamente sua própria ilimitada liberdade. É por isso que amor e sacrifício estão sempre tão estreitamente ligados! Não é possível unir-se a alguém ferindo sua liberdade. Ambos devem limitar-se pela liberdade do outro.

Como é assombroso e complexo esse poder do qual Deus dotou aqueles a quem Ele chama de filhos! Veja que grandioso! De alguma forma, dando liberdade a outros, Deus limitou voluntariamente a Si próprio para garantir a liberdade deles. Ele mesmo precisou se submeter voluntariamente a Sua Lei para coexistir com Suas Criaturas. Como é espantoso o amor de Deus, em que a nossa liberdade, é o limite para a Deus!

Ele não só poderia, como tem todo o poder de obrigar todas as suas criaturas ao arrependimento e salvação, mas não o faz para respeitar o único e verdadeiro poder que com sacrifício próprio lhes dotou: Livre-arbítrio. Cristo sacrificou-se para garantir a sua liberdade, com a extensão de que podemos usar essa liberdade comprada por Ele, até mesmo para negá-Lo. Esse é o cúmulo da abnegação: Morrer por alguém que irá negá-Lo para garantir-lhe esse mesmo direito. Assombroso!



Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor [em outras palavras: sacrifique sua liberdade pelos outros].

Toda a lei se resume num só mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo".
Gálatas 5:13-14


Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus,
que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se;
mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.
E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!
Filipenses 2:5-8

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Radical

Se você quiser ser útil às pessoas, no sentido de amá-las, vai precisar se acostumar à rejeição e ao auto-sacrifício sem reconhecimento. E ainda sendo rejeitado, amá-las do mesmo jeito e talvez ainda mais. Isso tudo de forma abnegada, sem esperar coisa alguma em troca. Parece radical, e é. As coisas reais são assim, radicais. Amor é uma coisa real. E como é radical também!

Mas não confunda radical com fanático. "Radical",  é uma palavra  que vem do latim radicalIS, “relativo à raiz”, de RADIX, “raiz” [1]. Ou seja, estamos falando do que vai ao cerne, o âmago, a raiz da coisa toda! Anote aí: A raiz do amor se chama sacrifício.
Amor e sacrifício são tão idênticos, tão proporcionais, tão simétricos entre si, que eu sinceramente não sei dizer qual seria a diferença entre eles. A razão pela qual as pessoas sacrificam os outros por si, para o seu benefício, mas não a si mesmos pelos outros, é que elas amam mais a si do que amam os outros. Entende agora?

Essas semelhanças com sacrifício exigem maturidade para entender que amor não é uma troca. É um verbo intransitivo, não exige complemento. Como diria Drummond, amor é "doação ilimitada a uma completa ingratidão".

A recompensa pelo ato de bondade, pelo amor doado, é a própria doação em si e ponto final. A expectativa de receber algo em troca, anula o princípio mais elementar da substância pela qual o amor é composto. O desejo de receber algo em troca, revela que o ato de doação em si tinha em vista o benefício do próprio eu, e não do objeto amado.

Jesus mostrou que ser genuinamente bom, requer abnegação, negação do próprio eu. Ninguém melhor que  Ele, ninguém maior que Ele demonstrou esse princípio que defendo aqui.

Lembra da Cruz? Agora reflita se amor não é sacrifício voluntário e abnegado.


Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida (se sacrifica) pelos seus amigos.

[Jesus, em João 15:13]

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Que cheiro você tem?

É normal abraçar alguém e ficar com o cheiro daquela pessoa por um tempo em você. Da mesma forma, onde houver um cristão impregnado da essência de Cristo por abraçá-Lo constantemente, ali se exala o Seu perfume, suave mas ao mesmo tempo forte, agradável e permanente. Exala não porque o queira, mas porque não pode impedir que essa fragrância agradável se espalhe pelo ambiente onde se encontra, esse cheiro está impregnado nele.

Você pode nunca ter visto Deus, mas pode sentir o cheiro agradável que Ele tem e que exala por meio dos Seus filhos que constantemente O abraçam.

Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a cheiro do seu conhecimento.
Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e também nos que se perdem. 

[2 Coríntios 2:14-15]

E então, que cheiro você tem?

terça-feira, 23 de julho de 2013

A Mãozinha

Hoje vi uma mãozinha muito especial, linda mão diria eu. Mão pequena, frágil, delgada, salpicada de sinais e enrugada pela idade. Era a mão de uma senhorinha. Deitada no leito, no cantinho da sala número dez do hospital Arthur Ramos. Um soro pendurado que gotejava, cabelos brancos meio escondidos no lençol e no dedo frágil dessa mãozinha de fora, um anel de casamento, dourado e brilhante como novo, como se para ele o tempo não tivesse passado.

domingo, 14 de julho de 2013

Resenha - Cartas de um diabo a seu aprendiz

Cartas de um diabo a seu aprendiz, C. S. Lewis
(★★★☆☆)

Enquanto esperava o carro no lava-jato, terminei hoje pela manhã "Fitafuso propõe um brinde", o anexo final ao livro "Cartas de um diabo a seu aprendiz", de C. S. Lewis. Esse livro acaba de ir para minha lista dos mais edificantes!

Lewis adotou no livro, a figura de um diabo experiente de alta patente, que envia cartas a seu sobrinho, um diabo aprendiz de tentador. Através dessa figura, Lewis tenta desnudar a confabulação espiritual que guerreia por trás da vida de cada ser humano. É óbvio que Lewis não possui a essência da mentalidade diabólica, porque sendo humano, não possui a natureza de um demônio. Na verdade, quando você lê as cartas, absorve a compreensão que Lewis tinha de como o diabo atua na destruição de uma alma humana. E como ele não possui a ciência da maldade como um próprio diabo, Lewis claramente usa sua visão cristã admirável, "pura e simples" e aplica sua antítese para simular a mentalidade diabólica do tentador. É genial!

Em suma, o livro é extremamente edificante, mas te incomoda um bocado! Se você prefere a posição perdidamente confortável dos cristãos contemporâneos, eu não te recomendaria esse livro. Mas se você for um "cristão à moda antiga", à moda de Cristo, vai fundo! Você vai apanhar um bocado enquanto lê. É como receber golpes de karatê na consciência, e você vai gostando. Quase um masoquismo literário.

Boa leitura, e boa morte ao seu eu.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mais forte que as Circunstâncias

Há muitas variáveis que unem as pessoas durante a vida. Um novo emprego, a aprovação no vestibular, o prédio novo, a igreja nova, até um encontro ocasional. As pessoas se conhecem, por motivos quaisquer, criam conexões entre si e se entrelaçam. Descobrem coisas em comum, espaços e preenchimentos umas nas outras. Elas se trocam entre si, e essas coisas as unem. Essas coisas que as unem são as circunstâncias.

Sabemos que as pessoas vêm e vão o tempo todo na vida. Algumas ficam conosco por um tempo, mas depois, como a maioria, elas partem. Às vezes nem se despedem. (Também é verdade que quando a gente não diz adeus, é porque nunca quis ir embora). Isso porque as circunstâncias são laços finos, muito frágeis, insuficientes para manter as pessoas unidas por um certo tempo, um tempo longo como a vida (que nem é tão longa assim). As circunstâncias podem ser super-poderosas no calor do momento: Podem roubar o são juízo de um homem sensato, levar um homem valoroso ao suicídio, ao adultério, à prisão. São contudo, pateticamente débeis quando confrontadas com o passar do tempo. O tempo é essa máquina de moer circunstâncias. Com o tempo, elas se dissolvem numa sopa de mudanças. Então novas circunstâncias são criadas e se achegam imperceptivelmente, sorrateiramente, na ponta dos pés, e sem que você se dê conta, mudam tudo na vida.

Não tenho mais os mesmos amigos dos 15 anos. Nem sou mais o mesmo de 15 anos. As circunstâncias mudaram, e levaram embora aqueles com os quais eu antes me ligara. Mas também percebo que nem todos me foram roubados. Alguns resistiram às mudanças que as circunstâncias me trouxeram.

Nesse ponto você pode perceber que existe um outro tipo de laço, sobejamente mais forte que as circunstâncias. Algo capaz de unir as pessoas de forma incircunstancial, imperecível, incondicional.

Pense nos seus pais. As circunstâncias mudam até hoje entre vocês. Às vezes inundam a casa toda numa tempestade torrencial. Muitas vezes quase nos afogam, mas nós resistimos. Lutamos bravamente, e estamos aqui, unidos! Mas unidos pelo quê, senão for pelas circunstâncias? O que pode ligar as pessoas de tal forma, que elas lutem assim para permanecerem juntas?

Isso que liga as pessoas assim, voraz como a fome, forte como a saudade, é  amor. Amor é só uma palavra, mas quando você lê 'amor', essas quatro letrinhas podem fazer sua rede cognitiva acionar algum tipo de novela mexicana, tocado alguma música depressiva de fundo, e você fica com a sensação de ter se lambuzado com melaço de cana. Pare de tocar essa música. Não estou falando de melodrama. Falo de algo inteligível. Diferente das circunstâncias, o amor não é ocasional e também não é burro. Você pode não ter escolhido encontrar uma pessoa, mas para amá-la você precisou tomar decisões. O amor é de livre-arbítrio. É feito de propósito. É inteligente. É costurado. A coisa burra que as pessoas chamam de amor e as faz sofrer é criado pelas circunstâncias, que como já falei, são seres malévolos.

O amor é a única coisa suficientemente forte capaz de unir as pessoas de uma forma incircunstancial. Você lutará para manter-se unido a alguém que ama, e fará isso de propósito e com sobriedade, levando em conta todo auto-sacrifício envolvido. Usará tudo o que tem nessa empreitada, mesmo sem entender que força é essa que te move assim. De alguma forma, o amor não é compreensível. Mas é forte. Muito forte.


O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. 
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. 
1 Coríntios 13:4-8
Mas ele permanece.
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